Há algo de místico e químico nos concertos em espaços pequenos. Os músicos tornam-se mais humanos e tangíveis. A distância entre estes e o público torna-se mínina e a empatia máxima. Conhecemo-los quase como se estivessemos em família e eles sentem-se tão à vontade nesse ambiente que tudo funciona. As falhas transformam-se em risos, conversam como se estivessem à mesa do café, misturam-se no meio do público que os cumprimenta, confessam imensa alegria em estar ali naquele momento e dizem coisas como "This is the concert where I feel better".
O concerto de Peter Broderick e Nils Frahm (20 de Maio na Music Box em Lisboa) foi memorável. Peter, músico norte-americano de 22 anos, apostou na sua versatilidade comprovando as suas inesgotáveis qualidades de multi-instrumentista, chegando mesmo a tocar com um serrote enorme como no filme "Delicatessen" de Jeunet e Caro. Nils, músico alemão de 26 anos, apostou na sua forte facilidade de improvisação ao piano, surpreendendo com o seu desconhecido e inesperado talento. Não foi um concerto com duas partes como vinha no programa. Foram dois músicos que, se a solo brilharam, em duo iluminaram por completo a sala.